Os percursos de autocarro são um mundo. Um mundo, digo eu.. Um universo, senhores! Só ontem, nos 15 minutos que me separam do metro a casa, encontrei três histórias de vida tão diferentes que me apeteceu conhecê-las por dentro.
O Stefano tinha um ar cosmopolita que roçava a ténue linha do i couldn't care less sobre o que trago vestido. Gorro cinzento na cabeça, mochila às costas e barba de bem mais do que três dias. Um mimo portanto. O sotaque que arranhava o português deixava adivinhar a terra-mãe e foi isso que me prendeu, mais que os olhos verdes-cor-de-cinza. Falava com um rapaz de caracóis despenteados que tinha conhecido na paragem do autocarro e dizia gostar de cá estar, apesar de achar que os portugueses eram demasiado relaxados. Não tão bons vivants como os italianos, com certeza. Veio em Erasmus estudar Medicina Veterinária e tinha ido ao treino de futebol da faculdade, algo que gostava muito. Em Itália há máfia mas ninguém o admite, sabiam? De certa maneira invejei o jovem estudante de arquitectura, o de caracóis, por ter estado naquela paragem e eu não. Tenho para mim que podia ficar umas boas horas na conversa com ele, sem nos preocuparmos com as barreiras linguísticas, porque uma pessoa interessante é-o sempre. Em português ou em italiano. Saiu uma paragem antes de mim e ainda me sorriu, talvez porque não consegui disfarçar a curiosidade que despertou em mim. Pode ser que um destes dias o volte a encontrar no mesmo trajecto. Um ano é muito tempo, vero?
3 comentários:
Faço figas para que o voltes a encontrar.
Eco! Mas é de mim ou falta aí uma terceira vida? O Stefano, o dos caracois e...?
Esta menina agora deu para assediar as pessoas (com o olhar) na rua!!!:P E a Joana tem razão...quem era a terceira vida? A tua?
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