segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Animus. #2

Tornei-me um bicho frio. Continuo a ter um coração grande, em demasia como tantas vezes partilho com a Joana, mas mutei-me num auto-controlo que não sinto como pele. Não parece minha, esta frieza perante afectos tão claros, tão teus. Talvez seja o meu gato, cá de dentro, escaldado e com medo de mais uma banhada de água gelada. É inverno e sou mais de me enrolar nas mantas e observar, enquanto os humanos se envolvem em histórias de amor, com jeitos de filme de Domingo à tarde. Fico assim, vendo o jogo de fora, na esperança que os joelhos sarem porque, como o Nuno me ensinou, foram feitos para esfolar. A problemática prende-se com o facto de que os meus já são só pele e osso, é preciso curar ou o próximo passo é a quebra. E, acredita em mim, não me queres quebrar. Posso ser um bicho frio mas corre-me no sangue o calor latino de quem não se deixa domar. E duvido que isto, como o coração grande em demasia, alguma vez mude.

1 comentário:

Joana M. disse...

Tinha-me esquecido deste espaço. Espero que o novo ano te aqueça o coração, Ana.