sábado, 27 de agosto de 2011

J.

A distância faz-me sempre pensar mais em ti. Perder tempo a descobrir os detalhes que tanto me cativam enquanto estás aqui, no meu abraço, no meu colo, perdidos entre beijos e ternuras doces. Não dizes muito e às vezes é mesmo isso que me chateia. Sei que não precisas de verbalizar o que sentes, para ti o calor no peito é suficiente e a fortaleza está erguida em rocha firme, compreende apenas que eu não sou assim. Sou uma pequena medricas e não são poucas as alturas em que me sentes fugir e esconder-me por aí, à espera que me procures. E vens procurar-me, sempre. É essa a magia de tudo isto. O meu coração treme, enquanto recolhido deseja ardentemente ouvir-te dizer o meu nome, tomar-me como tua e garantir que tudo está como deve estar, seguro. Sou grande, talvez seja daí que me vem a tendência para t(r)emer como varas verdes. O único que sei (e foi isso que me impulsionou a escrever-te agora) é que não gostas de sushi, não és aficionado das noites loucas de copofonia, não dominas o Inglês e não vidras na televisão, como eu. Sei também que és muito mais paciente, mais valente e que confias em nós desmedidamente. Desligas-te com facilidade quando assim tem que ser e sofres por dentro, acreditando na certeza do reencontro e de que estaremos onde nos deixámos, apaixonados. Somos tão diferentes, caramba. E nenhuma destas diferenças me desperta o verdadeiro e definitivo instinto de fuga ou sequer me amedronta. No fundo, e apesar de todas as voltas rectas na mesma esfera, sei que vales a pena. Que valemos a pena. Um dia decidi suspender a capacidade de planear a longo prazo e muito provavelmente já descobriste isso em mim, mesmo que nunca te o tenha dito, havendo neste momento uma inevitável vontade de ressurreição desse hedonismo. Não quero pensar apenas no agora, não quero pensar muito mais além do amanhã.. Mas imaginar-te aqui, com os dias a passarem sem darmos por eles, deixa-me um sorriso doce no peito e um estremecer no ventre.

3 comentários:

Cristina Silva disse...

Tão bonito, este texto. Tão bonito, esse sentimento.

Zenith disse...

Primeiro, parabens. Escreves muito bem. Segundo, do que escreves, torna o texo ainda mais bonito. Apetece-me dizer que, os projectos do futuro, podem quebrar o milagre e o prazer do presente...

Beijo
Z

Tana disse...

E só isso já é arriscar e seguir em frente, com alguma confiança! :)

Bom texto!*