A noite cai e o meu corpo cai com ela, cansado na cama. Estive lá fora de olhos postos no céu sem saber bem o que fazer à boca, contraída entre um sorriso e um esgar de dúvida. O corpo cai e nem assim a mente deixa de correr. Não são noites de vigília que me atormentam, se é que algo me atormenta, mas sim a inundação de sensações que me povoa o imaginário. Estupidamente rabisco esquemas de prós e contras, deparo-me com a rectidão de tais colunas e conclusões.. Pois, conclusões. Nada. Nada de nada. Porque no fundo sei bem o que me agarra. Sei bem de onde me vem o medo do querer. Receio um hedonismo que me está gravado no código genético, tal como a minha fraca disposição para a sinalética corpórea. Não tenho grandes marcas visíveis e talvez me cheguem os dedos das mãos para contabilizar quantos sinais me pontuam o corpo. Eventualmente vens tu, acompanhado de mais uma tabela de sim's e não's. Pesa-te a leveza do papel e pouco tenho para te dizer. Oiço o murmurar do Eugénio, garantindo-me que já gastámos as palavras pela rua, meu amor, sem nunca me indicar que rua é essa onde constantemente me perco. Viela assombrada pela dicotomia de quem quer e não pode. De quem pode e não deve. De quem deve e não teme. Eu, de peito feito, embrenho-me num paradoxo desconhecido que agora me aconchega as noites, imortalizando cada diletância de uma personalidade balançante.
sábado, 26 de março de 2011
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4 comentários:
LINDO e intenso!
Parabéns pela excelência da escrita!
Menina da Reef
gosto, gosto
uh lá lá.
Faz bem, para nos conhecermos ainda melhor.
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