sábado, 2 de abril de 2011

Nicola: uma noite.


Sou uma menina. No fundo é precisamente isso que sou. Passo o batom vermelho nos lábios e sinto-me crescer como se envergasse uns grandiosos saltos dominantes, mas sou apenas uma menina. Vês-me mulher e talvez seja isso que te cativa o calor do abraço envolvente, as palmas das mãos contra as minhas costas frágeis, apetecíveis. E sou mulher, no mesmo tamanho que sou menina. Pouco cresço com mais ou menos adereços, porque no fundo transpareço tudo na amêndoa dos olhos e no riso borbulhante que me pontua os lábios de boneca. Deparo-me com o teu olhar cheio, meio sorriso a rasgar-te o rosto, enquanto me traças a gota delicada abaixo do nariz imperial. Nariz empinado dirias tu, entre cócegas. Há em ti um prazer de Primavera que me afoga os medos, validando cada avanço teu numa muralha construída por força da sobrevivência. E eu, menina feita mulher, moldo-me ao teu corpo que me envolve o riso balanceante, de quem fica sem ar no peito de ser feliz. Caramba, eu não preciso mesmo de muito para gostar de ti. À menina que há em mim basta-lhe o abraço cálido e o dedo terno que embrulha o cabelo ondulado, entre mimos e pedidos de que o preserve assim, virgem. À mulher que me palpita no peito chegam-lhe os beijos, ora fugidios, ora apaixonados, com que caças estrelas a cada noite repartida.

5 comentários:

P! disse...

ai,ai...

Anónimo disse...

Saboreia-o, menina. Mulher.

mariana disse...

gosto tanto

JL disse...

gosto tanto :)

Laura Ferreira disse...

Eu também tenho em mim uma menina e uma mulher. Acho que todas temos...