Põe o indicador sobre o lábio e guarda silêncio. Fica assim, por favor. Não me inundes mais de palavras vazias, gestos preenchidos e mnemónicas incoerentes. Preciso de um pouco de silêncio, sinto o cérebro a latejar. Muita gente, muitas vozes, poucos sentimentos. Não quero que este vazio me anestesie. Preciso simplesmente de me ouvir e esquecer todos os que me querem arrastar e dominar. Talvez nem seja isso. Talvez sejam só actos de boa-fé e boa-vontade que mal interpreto, como sempre fiz quando o pedido é em demasia. Máscaras? Quais? Tal e qual como a chuva lá fora, sou de uma consistência inconsistente e de uma transparência luzidia. Não sei se quero que me queiras. Não sei se quero querer-te. Preciso sem saber o que tenho para dar, a verdade é essa. Arranja tempo, esquivando-te entre os mil que me rodeiam, e vem rasgar-me o fado.
(*) É preciso ter calma - Pedro Abrunhosa
9 comentários:
Gostei muito do teu texto.
"(...) Não sei se quero que me queiras. Não sei se quero querer-te. (...)" às vezes também sinto o mesmo...
Não sei como o fazes, mas fazes bem :)*
Ia comentar exactamente a mesma coisa que a Abby. *
Gostei muito, principalmente da parte que a Abby já citou :)
'Não quero que este vazio me anestesie.' eu ás vezes tenho tanto medo de adormecer..
«Arranja tempo, esquivando-te entre os mil que me rodeiam, e vem rasgar-me o fado.» mas que final divinal.
«É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma»... Mas gostei. Mesmo!
a) flordocardo
De Ana para Ana , apenas tenho duas palavras: absolutamente extraodinário. Descobri à pouco o teu blog e já o acho fantástico, das melhores palavras que já li e que, todas, me tocam de uma maneira diferente. Adorei, muitos parabéns por todo este trabalho, por todo este talento.
sabes, ana, às vezes gostava de ter essa tua elegancia nas palavras. speechless.. *
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