domingo, 7 de junho de 2009

Make it real, make it right now.


Bipolar. Autista. Esquizofrénica.
Tudo pelo lado saudável da patologia, obviamente. Sou mesmo assim e não vou lutar contra a espinal-medula da minha personalidade. Ainda nada está cristalizado e é aí que ainda jogo, que ainda sinto que posso mexer. Há contudo outros traços que sempre caminharam comigo, mesmo antes de ter pés de gente. Coisas que nem eu entendo muito bem porque é que cá moram, mas a verdade é que estão e acabam por me definir, sem me limitar. Detesto limites, para que se saiba. E foi daí que tudo hoje surgiu. Saltei a cerca que mentalmente tinha erguido para me conter, talvez até proteger.. E fui. Fomos. E foi bom. De uma tranquilidade que pensei que já não existisse. Nada são batalhas ganhas mas acalmou-me sentir que não falava chinês ou outra língua qualquer.

Daqui para a frente sou eu, comigo. O meu trabalho com a minha matéria-prima. E não, não é por orgulho que dispenso a tua ajuda. É por saber que assim será melhor. E que discretamente saberemos estar na vida um do outro, sem dedos em feridas que irão cicatrizar. Quem gosta, cuida.. E agora já sei como cuidar. A Mariana dizia-me que estou melhor, mais ponderada.. E talvez esteja. Por compreender que explodir não me serve de nada. Espalho-me por aí e tenho o dobro do trabalho em me recolher. E não é por explodir que sou mais feliz, pelo contrário. Tenho-me moldado à simplicidade da vida e tenho saboreado cada parte do processo. Foram três dias muito diferentes, muito estranhos e muito bons também. Não podia ter oscilado mais. E foi nessa oscilação, embrulhada em prantos que me fazia soluçar a alma, que me encontrei. Foi preciso chegar ali, ao limite do corpo exausto, sentido cada pedacinho de energia a ser sugado.. O choro veio, o Senhor secou-me as lágrimas e soprou-me no coração. Voltei a acreditar e ainda bem que o fiz. Pensei em desistir de cada vez que me esfolavas os joelhos, até que compreendi que caía de livre vontade, pelo desgaste de quem se coloca na linha da frente. Sei ver o bom nas pessoas e não quero deixar de o fazer, nunca. Até porque acho que não o conseguiria. Os olhos abriram-se depois de horas (dias,meses?) de escuridão. A ti, digo-te o óbvio. Obrigada pelos abraços sinceros. Era só isso que faltava para que a porta se fechasse, sem estrondo, como queria.

3 comentários:

Unknown disse...

"E talvez esteja. Por compreender que explodir não me serve de nada. Espalho-me por aí e tenho o dobro do trabalho em me recolher" uhuh! Aprende nuno :)

força muita força Ana*

Margarida disse...

acho que foi a primeira vez em que as minhas principais vozes concordaram todas : )

adorei o texto! muito calmo e claro, identifiquei-me imenso!

Anónimo disse...

E é precisamente na psicopatologia e na lucidez, no que está cristalizado e no que ainda é moldável, que amo cada bocadinho de ti (sem limites, acho que posso dizer assim). E é por isso que faço questão de aqui estar, na linha da frente, sem medo de esfolar os joelhos, na tranquilidade, na explosão ou em qualquer outro momento de oscilação, para ti!

Cuido-te! =)*