domingo, 31 de maio de 2009

De mão dada, como cerejas.


E se eu disser que com as tuas lágrimas sequei muitas das minhas? Foi bom ter-te no colo, sentir como procuravas na minha mão a segurança para um coração contrito e encontravas no silêncio a partilha de duas almas que estavam ali, exclusivamente uma para a outra, na mesma oração. A luz era trémula e revi-nos nela. Ao sabor do vento, à mercê das suas vontades. Temos andado assim, não é? Folhas de um Outono caído, arrastadas por torrentes que não são nossas. E depois olhei para a Mãe. O coração serenou embalado por Ela e juntei os caminhos e as veredas no meu imaginário. Enquanto te afagava os cabelos senti-te respirar mais lentamente, controlando tudo o que antes saia desorganizadamente, entre soluços de quem se sente perdido mas com clarividência suficiente para se encontrar. Abracei-te com força enquanto te dava um beijinho na testa, tentando ser veículo de uma serenidade total que estava ali, no chão frio daquela sala, nos acordes da guitarra, nos dons recebidos e no olhar de Amor. E na quietude em que estávamos pediste:

- Continua.. Conta a história da Mãe..

2 comentários:

Rita disse...

tão boa!!! gosto tanto de ti!!!!mais do que as cerejas!!! mas tal como as cerejas que à medidas que se comem, mais temos vontade de comer, espero que a nossa amizade seja sempre assim: sempre mais e mais! =)

Patrícia Sofia Pinto e Filipe disse...

muito bonito