domingo, 14 de dezembro de 2008


Anda, senta-te aqui, vou contar-te uma história...

Não te incomodes com o silêncio que pairar entre nós, é de ouro. Faz-nos bem ficar em silêncio, sabias? Aposto que não sabias e és do que tem medo de se constragir com ele... Mas aprende isto, o silêncio é um tesouro. Pousa onde o deixarmos e ali fica, envolvendo cada partícula do que o rodeia. Ali, sereno, sem pressas de se ir embora. Nos seus pulsos não traz um relógio e é por isso mesmo que não desgasta o tempo. Gosta que o apreciem, que o saboreiem. Que o vivam intensa e calmamente. É estranho não é? Pensamos sempre que para que algo seja intenso tem que ser rápido, fugaz até. Como a areia que se escapa entre os dedos, quando eras criança e brincavas na praia. Não... O silêncio não vive de pressas. Não sabes como reconhecê-lo? Não acredito... É tão fácil! Já olhaste nos olhos de alguém que amas? Sem trocarem uma palavra? Aí o tens. O silêncio. Já te ajoelhaste e ouviste Deus murmurar-te ao coração? Outra vez, o silêncio perfeito. O silêncio da comunidade que vive o mesmo de mil maneiras distintas. O silêncio do amor. O silêncio de Deus.

Todos fugimos do silêncio e nada me faz menos sentido. Ninguém foge das coisas boas, certo? Então porque é que tememos o que nos cativa? Não há nada mais doce do que amar em silêncio, quando os lábios se cerram porque as palavras são demais. É preciso ter vontade de se deixar cativa, como conversava a raposa com o Principezinho... E a vontade precisa de portas abertas. Portas da alma, do coração, do ser. Experimenta, peço-te... Deixa-te comover por este dom e vais compreender o que te digo. A vida já tem barulhos a mais, não lhe juntes os teus gritos de insatisfação.

Dá-me a mão. Agora sim, vou contar-te a história...

1 comentário:

Raquel disse...

Envolvente. Amei. Beijinho