quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

* 1ª aula de Psicologia Positiva. Anfiteatro cheio e eu e a Joana, lado a lado. Enquanto a senhora começava a exposição da matéria que ia ser leccionada, eu abri o caderno e encontrei duas frases. O início de um texto claramente inacabado... A Joana propôs-se a terminá-lo. Brilhantemente, se me é permitido observar. :]


Sim, eu sei. Não precisas de me contar nada porque vivi tudo isso contigo. Repetias isto vezes e vezes sem conta. E só assim, mais tarde e tarde demais, percebi que me interrompias porque não querias ouvir falar sobre o que tinha ficado para trás. Numa tentativa de arrancar do peito essas lembranças que te dilaceravam e corroíam por dentro. Por serem só e apenas isso mesmo: lembranças. Do que fomos e vivemos restavam apenas fragmentos de um passado posto em cartas que teimavas em guardar mas que já não sabias de cor, como outrora. Fragmentos de um passado que jazia num álbum de fotografias que visitavas de quando em quando mas cujas imagens não reconhecias. E os sorrisos… Os sorrisos então já tinham perdido o brilho dos lábios e do olhar. Fixavas-te em frente ao espelho e tentavas reproduzi-lo, mas ele já não estava lá. Só assim, na ausência desse sorriso, te rendeste às evidências de que fugias. Estavas declaradamente desapaixonado. A palavra não devia existir mas fazia-te sentido. “Guardar alguma coisa para te lembrar seria admitir que te pudesse esquecer”, dizem. Contigo era exactamente o contrário. Guardavas as cartas, o álbum, os bilhetinhos e todos os outros fragmentozinhos e disparatinhos que já não te eram nada mas que eram as únicas coisas que sobravam para dizer que ainda estava tudo no lugar.

Para afinal perceberes que estavas oficial e declaradamente desapaixonado.

E assim, fiquei eu, irremediável e declaradamente só.

5 comentários:

Anónimo disse...

Tão girooooo!!! =) Somos fixes, ponto. Viva a Psicologia Positiva!

Ana disse...

Realmente, foi "brilhantemente acabado"... Ao ler este texto parecia que estava a ver cenas que um dia me aconteceram, me apertaram o coração, me tiraram o sono... penso que todos já passámos por isso, mas conseguir expor assim, por escrito esses sentimentos..!!

Adorei!
*

PS:foi a 1ª vez que visitei o blog. Gostei muito! Parabéns*

Luis disse...

muito, muito bom!

Anónimo disse...

Suponho que Psicologia Positiva seja muito mais interessante que Semiótica, a julgar pelo nome e pelo que escreveste! Já eu, naquela grande cadeira onde se estuda os signos e significas, só me lembro de falar de vídeos das Tayti! OMG!

Anónimo disse...

...Brilhantemente =]