domingo, 7 de janeiro de 2007


Hoje chego a um beco sem saída. Trouxe-me até aqui sozinha. Pelo caminho deixei o meu coração e tudo o que ele achava que sentia.

Ele falava-me no silêncio e no ruído, dizendo-me que era este o caminho. Que perseverar fazia sentido. E hoje, aqui, encurralada neste beco, duvido.

Não tenho remorsos, não tenho arrependimentos. Caminhei confiante neste trilho apagado que só eu conheço. E, curiosamente, não me arrependo de ter caminhado. Se não o tivesse feito não teria crescido. Os medos permaneceriam. E espanto-me, tanto como tu, ao perceber isto. Perceber que cresci. Eu, que tenho coração de palha. Eu cresci. Devo-te um "obrigado" por isso.

Por isso e por tudo o que me deste, sem te dares conta. Guardo-te. Não só pelo que me ensinaste mas por tudo o que senti e sinto, por muito que queira não sentir.

"Que o meu corpo te guarde", dizia Ary dos Santos. Quero guardar-te. Quero que o meu corpo te guarde. Guarde tudo o que vivemos. E o que não vivemos. Os beijos que ficaram por dar, o calor que não quiseste receber, o amor que não soubeste aceitar.

Esta seria a altura de perguntar "Porquê?" , mas não pergunto. Não pergunto porque a resposta mete-me medo. A mim, vê lá tu. A mim, que adoro parecer forte em qualquer situação. A mim, que mostro fraquezas sem medo.

O único "porquê?" que ainda me surge é o "porquê manter-me nisto", sentir como me sinto, doer mesmo que eu me convença do contrário. E a resposta tarda em chegar. Percebo que secalhar o meu coração não ficou pelo caminho.

Está aqui, bate comigo neste beco sem saída e procura chorar baixinho para que ninguém o oiça. Nem mesmo tu.

Não me abraces. Não te aproximes. Deixa-me curar aqui, no escuro deste beco vazio, onde volto a conhecer o meu coração.

4 comentários:

Monica disse...

À medida k fui lendo este texto, o meu coração foi ficando mais pequeno, para quase se esconder no fim. Não sei porquê nem porque não. Mas assim foi.

Deixa-me dizer-te...que eu é que te adoro ler..

beijinho*

Anónimo disse...

magnífico... soberbo... fantástico...

e o mlhr d td é k veio d dentro...

bjao****

C disse...

li e senti contigo cada palavra... tambem eu ja me senti assim... o diz que é uma espécie de amor é fascinante, mas ao mesmo tempo amendronta... só tempo pode ajudar.
caminho contigo.
beijinho*

Bruno disse...

" Não me abraces. Não te aproximes. Deixa-me curar aqui, no escuro deste beco vazio, onde volto a conhecer o meu coração. "

Ontem n me lembrei de passar por aqui, o tempo n me permitiu tal visita...
Leio-te agora e senti tanto cada palavra, talvez por toda esta estrada q percorri nestes ultimos tempos... N m sai mais nada...

"Não poderiam haver dois corações tão abertos, nenhuns gostos tão similares, nenhuns sentimentos tão em uníssono." in Persuasão