quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Tita.

A Tita tem 11 anos, (quase 12, Ana!, alerta-me, não vá eu não estar bem ciente das coisas) e preocupa-se porque ainda não tem, nem nunca teve, um namorado. Esboço um sorriso de tu sabes lá, discreto, para não ferir as suas susceptibilidades e pergunto apenas, Queres casar?. Diz-me que sim, questiono com que idade se vê a casar. Esboça-me um sorriso de tenho-te como modelo e responde-me que quer casar aos 23. Explico-lhe que ainda não sou casada, apesar dos 23 (a chegar aos 24, Ana!, alerto-me a mim mesma não vá eu não estar bem ciente das coisas) e que se assim é, ainda tem 11 anos para namorar. Sussurro-lhe entre dentes que não tenha pressas, que o Amor não é apressado e demora a chegar. Esboça um sorriso de tenho ânsia de viver, e não falamos mais em Amor ou namorados. A Tita é uma menina, uma criança no fundo, e apetece-me contar-lhe que os namorados também dão chatices e dores de cabeça. Que nem sempre o Amor é aquilo que imaginamos e nos mostram nos filmes. Que há uma história que continua, porque na vida não há créditos no final. A Tita é uma menina como um dia eu já fui, com uma criança lá no fundo, ansiosa por viver. Não lhe conto nada disto e trago o discurso para casa, amarrotado no bolso das memórias de quem já teve namorados e deixou de ter, mais preocupada com uma vida de maiúsculas do que com amores de trazer por casa. A Tita vai descobrir isto tudo, à maneira dela, com mais ou menos desilusões, com mais ou menos namorados e tentativas falhadas. E se a Tita for mesmo como eu, um coração menino e crente, nunca desistirá.

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