segunda-feira, 11 de julho de 2011

A esquina. Ou de como às vezes nos esquecemos de que é Amor.



Subo a rua e segues-me. Numa fugacidade que é tão tua passas por mim, envolvendo-me a cintura com o braço e largando-a no mesmo instante. Olhas para trás e vislumbro algo que já conheço tão bem, o brilho desses olhos de criança traquina. Contornas a esquina e deixo de te ver, sabendo que mal a dobre, estarás ali, de olhos postos em mim. E vou amar-te por isso. Não sei explicar-te porque é que o mundo não acredita em nós. Muito menos justificar aquilo que me dizem ser falta de entrega, de entusiasmo. Não é nada disso. Tenho tanto medo e, na mesma medida que temo, amo. (Respira fundo). Recordo cada minuto contigo e como o nosso riso é cristalino em conjunto. Como distraidamente me pegas na mão enquanto conduzes e sorris para mim nos sinais vermelhos. Da maneira avassaladora com que me beijas, na esquina entre a sala e o quarto. Recordo a esquina do teu queixo, da tua barba que percorro com as unhas, gostando do som e do contraste entre o meu vermelho-desejo e o teu moreno-cigano. Não me peças raciocínios lógicos, já me sabes as manhas, não tenho truques na manga. São os apetites que me fazem querer-te, é a paixão que me faz permanecer. São as esquinas que dobro contigo, as noites que crescem em nós, a mutação para algo melhor. Não me perguntes como, não sei explicar. Garanto-te apenas que eu acredito. Tão certo como o beijo arrepiante na esquina da nuca.

3 comentários:

Maria disse...

Adoro esta esquina, aqui, Ana. :)

Joana M. disse...

O amor é de apetites. Dos que esganam o estômago e levam o coração junto. Não ligues ao que te dizem, a tua voz propria parece-me sábia que baste.

Ana disse...

E quando eu encontrar alguém que me faça sentir assim, que me faça sentir o que tu aqui escreves, aí, aí eu não vou ter medo do que possa estar do outro lado da esquina.

Por isso, vive, ama, acredita, cresce e beija esse vós em todas as esquinas de todas as ruas =D