quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Subterfúgios de um universo amarrotado.


É muito fácil venderem-me histórias de amor; sempre foi. Nunca consegui explicar esta apetência para o impossível, até porque pouco entendo de enredos mal estruturados, hábitos viciosos de quem se envolve com o amor. E eu, facilmente, envolvo-me. Primeiro com a lucidez de uma adolescente numa noite de excessos. Depois, em preceitos filosóficos de junkie que justifica racionalmente feio padrão comportamental. Ressaco algumas vezes, sem nunca me cansar. Aprendo algo novo e, no fundo e na verdade, sou sempre capaz da arte miraculosa de me reinventar. É por isso que é fácil impingirem-me histórias de amor; porque tenho queda para o papel principal. Não nasci para figurante e, estoicamente falando, tenho medo. Medo por tudo o que não sei. Pela ingenuidade com que ainda compro novelas amorosas que, cada vez mais, tomam formas de antigos calendários arrumados em sótãos poeirentos. Desbotadas, esquecidas e sem lugar no mundo (ir)real.

28.Maio.2010

2 comentários:

Anónimo disse...

que bonito.

Acho que no que toca ao amor, temos sempre medo...

Abby Richter disse...

perfeito. Concordo com cada palavrinha tua.