terça-feira, 25 de maio de 2010

Quero uns óculos a condizer com o meu estado de espírito.

Talvez me faça falta ajuda. Talvez nos faça falta ajuda, a todos. Ajuda médica, dada o buraco que encontro no lugar da sanidade mental, em que me tenho escondido. Pequenas crateras que transbordam de areias movediças em que constantemente me infiltro, como água da chuva. Até agora têm sido apenas os pés a ficarem presos. Sinto como os dedos se movimentam, escondidos como pequenas formigas no subsolo de um ser que já não reconheço. Vou-me enterrando aos poucos mas sempre alerta porque há um limite. Até eu sei o meu limite. A linha ténue que me faz simplesmente gritar para não chorar e, do outro lado, gargalhadas borbulhantes sem motivo aparente. Um sorriso inebriado e um olhar vazio, esquecido e embaciado. São as pequenas coisas, entendes? São as pequenas realidades em que me movimento que acabam por ser causadoras de toda a ansiedade e me dão nós na vida. O coração, um nó. A cabeça, um nó. E o que mais temo é que eventualmente o nó se desate e eu me veja, de pontas soltas, como outrora. Não sei se sei o que deverei fazer em tal altura. Esqueci o óbvio, o inerente. Não encontro a minha tábua e por isso não sei reler a minha estória. É tudo tão confuso e tão fora da realidade espaço-tempo comum que, por si só, me confunde ainda mais e me faz caminhar nesse limite com traços de lápis número 2. São sempre as pequenas coisas, não sei se já te disse. Os pequenos golpes, os cortes de papel na ponta do dedo. A insatisfação que me corrói é comum ao mundo. O eterno gritos dos insatisfeitos. Com a subtil diferença de que este grito é meu. Meu, entre uma gargalhada ou outra e mais lágrimas do que dias de sol. São Pedro, um pequeno favor. Não sei se já reparaste mas o meu humor é profunda e estupidamente afectado pela meterologia. Se pudesses manter uma linha de base, agradecia. Lá está, as pequenas coisas. E se eu der um passinho em frente, estendo a mão, não duvides. Se der um passo em frente sinto já a corrente que me prenderá e apetece-me fazê-lo. Esticar os membros e cair. Só preciso que me agarres, por favor. Se cair, mais uma vez, não terei matemática suficiente para calcular o tempo que demorarei a endireitar-me, outra vez. Vezes demais, na minha opinião coxeante. Estende a mão também, sim? Vou confiar e lançar todas as metades de mim, na esperança que nenhuma se perca em ti.

1 comentário:

Maria disse...

Arriscaria dizer - e deixa-me juntar a ti - que somos raparigas do "estado do tempo".