terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hoje vou vestir o vestido turquesa, esquecida que foi dele a culpa de me quereres, como disseste. Vou envergá-lo como quem coloca um manto de rainha, uma coroa de jóias preciosas e um ceptro magnânime. Será parte de mim como tu foste, naquela noite fria em que a chuva o ensopou, enquanto tremiamos de coração nas mãos. Hoje serei dona do meu vestir e não o contrário. Vou olhar-me no espelho, sorrir-me amando-me e sabendo o perfume que deixo ao passar. Vou gostar do brilho que restaurei nos olhos de azeitonas pretas, percebendo-me pequena nesta grandeza. E vou reflectir o verde que tenho no fundo do olhar, aquele da esperança vã que muitas vezes me alimenta. Vou ir, sem olhar para trás, não te encontrando nesta cidade que é mais minha que tua, pelo menos até que o Outono a pinte de amarelos e castanhos. E, nesta mesma cidade que já te acolheu, vou reencontrar-me, sabendo-te longe. Do corpo e da alma. Tudo num simples vestido turquesa.

3 comentários:

Midnight Sun disse...

O mais simples vestido pode carregar histórias bem pesadas.

Sigo o blog há pelo menos uns 2 anos e tal, três e adoro a maneira como escreves. *

Margarida disse...

fabuloso

Anónimo disse...

Perfeito.