quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Confiar é sempre dar um passo no escuro"

"Como é que se reza?".. A pergunta apanhou-me desprevenida e comoveu-me, vinda de quem veio. Estranhei ainda mais não ter uma resposta na ponta da língua, como é hábito. A verdade é que desde então ando a remoer nisto. Lembrei-me imediatamente de Sta. Teresa de Ávila que dizia que rezar "é ter uma conversa a sós com quem sabemos que nos ama". É sem dúvida... Mas não contempla tudo o que poderia querer explicar.

Hoje o dia foi cheio e desorganizado. Saí a correr da faculdade e cheguei a casa às 18h, amaldiçoando a minha procrastinação por saber que me tinha comprometido em estar na missa das 19h. Entrei no banho a correr, vesti-me a correr, penteie-me a correr, saí de casa a correr e corri até ao metro. Quando cheguei à estação irritei-me com o relógio que mostrava 18h53. Faltavam 7 minutos e a distância até ao local da missa era mais que esses escassos minutos. Pouco mais, mas era. Entrei no metro e fiz o que faço quase sempre: desliguei. Desliguei deste stress momentâneo e dediquei-me a observar as pessoas. Gosto de o fazer. E comecei a pensar onde é que Deus tinha estado no meu dia, até ali. Ao chegar olhei para o pulso e respirei fundo... Eram só 19h05, ainda tinha 10minutos para serenar antes que a missa começasse. E este tempo de preparação faz-me sempre falta. Fui sentar-me e imediatamente fui inundada pelo silêncio. Estava ali, na paz, no acolhimento, no colo de Quem me ama e nada mais podia correr menos bem. Enquanto rezava, em jeito de preparação para a cerimónia que ai vinha, percebi uma coisa importante... Aqui sou. Aos pés do Amor, sou. E por muito que queira explicar, não consigo. Conseguimos explicar como é que respiramos? Eu sei que sim, mas refiro-me à maneira inconsciente como o fazemos... Consigo explicar porque é que amo? Rezar vai ao encontro disso. Não há maneira mais correcta de o fazer. Faço-o e pronto. Claro que há um caminho a percorrer.. Se neste momento rezasse como rezava na altura da Primeira Comunhão algo de estranho se passaria.. Cresci na fé, em cada procura que fiz e nos encontros que Deus proporcionou. Ou que eu deixei que se proporcionassem porque Deus esteve sempre. Ao rezar entrego a minha vida porque sei que sairá transformada, de uma melhor maneira, das mãos de Deus. E pode haver alturas em que essa transformação não acontece. Nem sempre se colhem frutos. O que Deus me pede, com a oração e com a minha vida, é uma entrega plena, uma confiança total. E nem todos experienciamos isso da mesma maneira, daí não existirem maneiras "erradas" de rezar. Se o que temos para dar é pouco, que o demos inteiramente e de boa vontade. Se for muito, óptimo, entreguemos tudo isso. Não no sentido de tirar um peso das costas mas compreendendo que, com Deus, a arrumação será mais fácil. Hoje compreendi uma coisa.. Se a minha doação for completa, Deus não falha. E se não for, também. O mundo inteiro pode falhar-me mas se eu permanecer no Amor, Deus nunca me falhará.

3 comentários:

guga disse...

"give me the strenght..."

Guga

Nice disse...

Muito do que sofremos tem exactamente a ver com isso: com a falta de confiança que temos em Deus.Cada vez mais me convenço disso!

Rita disse...

=) Gosto de ti.. não há muito mais que possa dizer