sexta-feira, 9 de novembro de 2007


Uma vez disseram-me que ninguém morre por amor. Eu acreditei, apesar de ser fã número 1 do romantismo. Ok, tirando o Romeu e a Julieta desta equação, ninguém morre por amor. Fica-se miserável, irreconhecível até... Fechamo-nos sobre o corpo e temos vontade que o mundo nos esqueça. Aquela vontade de ser transparente, deixando que tudo nos atravesse porque sentimos que nada mais importa. O alimento fica abandonado no prato, muitas vezes sem lhe termos tocado. O estômago forma uma bola, os quilos vão desaparecendo aos poucos e há mesmo a patologia do "nó na garganta", que nos impede de engolir seja o que for. Vamos vivendo do ar, das palavras que nos confortam e das recordações que nos vão devorando aos poucos. Relembramos coisas que nem sabiamos existir naquela memória tão presente, sentimos falta das pequenas (e das grandes) coisas e temos uma vontade visceral de fazer "stop" e "rewind" porque achamos que não sabemos viver para a frente. Às vezes apetece gritar, até ficar sem voz. Outras vezes, o silêncio é o melhor amigo. Levantamo-nos, de repente, seguros de que "agora é que é!", para voltarmos a cair porque os joelhos fraquejam e o coração ainda não sarou. Nem sabemos se alguma vez sarará. Dói, sem sabermos bem onde, e por entre todas essas dores, levamos as lembranças e começamos a caminhar. Porque sim, porque tem que ser. O mundo não nos esqueceu, por muito que nos tenhamos tentado esconder. E, por muito doloroso que possa parecer, amar é das melhores sensações do mundo.

O Lobo Antunes disse uma vez que "a morte era uma filha da puta". Li um artigo em que teimavam em corrigí-lo, dizendo que não era a morte, mas sim a vida, uma filha da puta. Nem uma nem outra. O amor, esse sim, filho da dita cuja.


Sei que não é das coisas mais bonitas que escrevi. Até é bastante frio e feio. Mas há dias assim, em que somos menos reflexo do que aparentamos.

4 comentários:

Tyler_____Durden disse...

Adorei o post.
Apenas que tenho a corrigir que muitas vezes o amor nao se coaduna com as escolhas da nossa vida,porque exactamente sao as boas escolhas que fazemos nas encruzilhadas da vida que ditam a nossa qualidade de vida.
Não raramente ,amor e qualidade de vida sao incompativeis,o que nos leva a um dilema...o que é realemtne importante quando estes dois conceitos sao incompativeis?Teremos que escolher pelo equilibrio natural,o que nos faz ser genuinos.
Ninguems e deve mdificar por ninguem assim como é assaz justo não pedirmos a ninguem que mude por nós,há sim adaptações.
Por vezes a vida é uma filha da putice,outra a morte,outras o amor...outras tambem nós somos filhos da dita cuja...
Alguem um dia disse "life isn´t about how hard you hit,it´s about how hard you can get hit and keep moving forward,thats how a winner´s done".
Tudo na vida serve para acrescentar ao curriculo...


Gosto muito de si.

Indisponível disse...

pode não ser completamente o teu reflexo mas tem algo que guardas em ti.

Gostei do post e quanto quem é filho da dita cuja..cheira-me que ela terá muitos filhos...

Um Beijinho *

Anónimo disse...

Há coisas que são assim assim...outras mais ou menos e depois há outras muito boas, assim filhas, essas sim, da perfeição. É o caso deste texto. E mais não digo, que a mais não sou obrigada. Porque nem vale a pena. É um mimo.

beijinho**

mariana disse...

Olá Ana,

vou-te ser sincera. Não sei se conheces o amor, não sei se algum dia já o tiveste nas mãos mas agora que li este texto tenho a certeza que já passaste por ele e que um dia destes ele te vai encontrar de mãos abertas.

Não imaginas o quanto este blogue podia ser um livro.


Um beijinho de outra bloguer :)

Beijinhos