domingo, 4 de fevereiro de 2007


Hoje, o calendário está errado. Digo-te que é dia de saudades. Tenho saudades do cheiro a papel, de quando ainda escrevia cartas. É por isso que te escrevo, hoje. Escrevo-te do lado de cá da solidão, onde as saudades crescem sem lado mau. Abandono-me em cada letra e as palavras parecem fugir-me. A mim, que sempre brinquei com elas e as reconheço como parte de mim. A caneta falha ao ritmo descompassado do coração e percebo que é cedo demais para escrever. Ainda não nasci neste dia que se avizinha longo porque me abandonei ontem, assim que a noite chegou. Deixei-me ficar no silêncio desta casa vazia, onde tudo faz eco. Um silêncio que transborda e onde ainda te consigo ouvir, calando aquilo que teimavas em não aceitar. No silêncio do coração ouço cada palavra de revolta dita nessa mudez que só tu tens e abraço-te, neste chão frio e sem dono. Porque juntos, podemos ser os donos do Mundo. Ou pelo menos, deste mundo só nosso.

2 comentários:

C disse...

gosto muito da forma como escreves e muitas revejo-me.
as saudades são uma coisa... tenho um postal que me acompanha há tantos anos qdiz: fico antecipando a festa do nosso encontro. e de facto isto acontece com muitas pessoas na minha, todos aqueles de quem estou longe e queria ter perto!
"porque juntos" fazemos mais sentido! atrevo-me a dizer isto!*

Monica disse...

Já ando cá uma dificuldade em elogiar isto. Ve lá se acalmas essa beleza das palavras, que assim vai ser dificil. Não, pensando melhor continua que depois também fico sem nada com que entreter o espirito. Porque isto faz-me bem.

MARAVILHOSO.
Beijinho***